Em dias de chuva lembramo-nos muitas vezes da nossa escapadinha à Lousã, em pleno Inverno. Durante aquele fim-de-semana descobrimos que são muitas as coisas para ver e fazer naquela zona do centro de Portugal.
Hoje escrevemos sobre um passeio muito especial: o roteiro que fizemos por algumas das mais belas Aldeias de Xisto da Serra da Lousã. Venha daí conhecê-las!
O percurso que fizemos pela Serra da Lousã faz-se facilmente num dia e está recheado de encantos, independentemente da época do ano. O terreno é montanhoso, pelo que o ideal é ir de carro ou, em alternativa, recorrer a uma das empresas de animação turística locais.
No centro da vila da Lousã existe o Welcome Center das Aldeias de Xisto – que fica no Ecomuseu da Serra da Lousã -, onde se pode obter mais informações sobre as aldeias e locais de interesse que vale a pena visitar.
Nós começámos o nosso passeio deixando para trás o centro da vila da Lousã, onde ficámos alojados no Palácio da Lousã Boutique Hotel. Este é um antigo palácio transformado em hotel, que recomendamos.
Pesquise aqui alojamento na LousãVista para a Lousã a partir da Serra
Seguindo as sinalizações existentes para as “Aldeias de Xisto”, rapidamente começámos a subir a Serra da Lousã.
O primeiro destino foi a pequena aldeia de Chiqueiro. Mas houve ainda tempo para uma pequena paragem para admirar a bela vista sobre a vila da Lousã.

Uma das coisas às quais aconselhamos a manter um olhar atento é às intervenções do “Isto é Lousã”, sendo a mais conhecida o Baloiço do Trevim.
Aldeia de Chiqueiro
A aldeia de Chiqueiro hoje em dia é habitada apenas por uma família e visita-se num instante. Tem um único edifício que não é construído em xisto: a Capela da Senhora da Guia.

Após um breve passeio deixámos a aldeia de xisto escuro e fomos em direção à aldeia seguinte: Casal Novo.
Aldeia de Casal Novo
A aldeia de Casal Novo é maior do que a anterior. No entanto, a sua dimensão quase que passa despercebida da estrada de acesso por estar construída na encosta e muito próxima da floresta.
Descemos até à Eira, onde eram trabalhados os cereais e, depois de apreciar o que nos rodeava, ganhámos fôlego para regressar à zona de estacionamento, subindo encosta acima.

Aldeia do Talasnal
Voltámos à estrada e, com algumas paragens para apreciar a bonita floresta, vagueámos pelos montes até uma das mais bonitas e conhecidas aldeias de xisto: o Talasnal.

O Talasnal é a “aldeia postal” da Serra da Lousã.
Em 2016 foi um dos cenários da série televisiva Mata Hari (trailer abaixo). É talvez a aldeia mais bem conservada do núcleo de aldeias de xisto da Serra da Lousã.
Vale a pena reservar algum tempo para passear pelas suas ruelas. É delicioso contemplar os pormenores característicos das construções em xisto, que aqui se observam tão bem.
Talasnal rima com almoço fenomenal
O Talasnal é também um bom sítio para almoçar e recarregar baterias.
Sugeriram-nos o cabrito com castanhas do restaurante Ti Lena, nome dado em homenagem aos últimos habitantes primitivos da da aldeia (a Ti Lena e o Ti Manel). Felizmente as pessoas voltaram à aldeia, que hoje está quase totalmente restaurada. Estivemos no restaurante Ti Lena e falámos com a proprietária, que nos mostrou orgulhosa a sala de almoços. Infelizmente não tínhamos reserva e foi impossível almoçar por lá, a lotação estava esgotada. Fica a dica: reserve com alguns dias de antecedência.
A alternativa foi fazer um piquenique com a comida que tínhamos connosco e aproveitar para recarregar baterias.
Os neveiros reais e a Capela de Santo António
A aldeia seguinte deveria ter sido o Candal, mas a nossa curiosidade histórica acabou por levar a melhor.
Fizemos um desvio de cerca de 25 km, por estradas que nem sempre estavam em muito bom estado. Deixamos por isso esta etapa como opção.
Rumámos a Santo António da Neve, já na freguesia do Coentral e na fronteira entre os distritos de Coimbra e Leiria. Subimos por estradas castigadas pelos elementos, por entre florestas e torres eólicas, para ver o que resta dos Neveiros Reais e da Capela de Santo António.

No séc. XVIII, era nos neveiros, edifícios de pedra circulares, onde era preparado gelo. No Inverno, a neve era arrastada para poços dentro dos neveiros e calcada para formar gelo. No Verão, os blocos de gelo eram cortados, envoltos em palha e transportados em carros de bois até Constância. Depois, eram transportados de barco pelo rio Tejo até Lisboa, para a corte portuguesa usar nos dias de calor.
Junto à Capela de Santo António existe um neveiro em muito bom estado. Este faz-nos recordar a forma engenhosa como as gentes destas paragens ganhavam a vida.

Aldeia do Candal
Descemos a estrada que antes tínhamos subido e continuámos sempre pela EN236 em direção ao Candal, uma das minhas aldeias de xisto favoritas.
Esta aldeia reparte-se por duas encostas separadas pela Ribeira de S. João. Nem todas as suas casas são construídas em xisto, fruto de algum desenvolvimento que aqui foi chegando por a aldeia ser atravessada por uma estrada nacional.
O Candal tem uma atmosfera muito própria e foi a aldeia onde mais sentimos a ligação com a água.

Esta aldeia possui alguns pormenores interessantes e um miradouro no cimo da encosta norte, para quem se atrever a fazer a subida. Junto à ponte há um pequeno café/loja onde se pode comer talaniscos, um doce regional criado ali perto, no Talasnal.
Aldeia de Cerdeira
Continuámos pela EN236 em direção à Lousã. Uma bifurcação para uma estreita e íngreme estrada indicou-nos uma última aldeia de xisto a visitar neste nosso roteiro, a Cerdeira.
Estacionámos o carro quando o caminho já não nos deixava prosseguir e contemplámos a aldeia da Cerdeira escondida por entre as árvores.

Esta aldeia está a ser alvo de um projeto de renovação muito interessante que envolve alojamento, workshops e residências artísticas. Vale a pena consultar a programação no site da Cerdeira village.
A aldeia tem muitos pequenos recantos e caminhos estreitos para descobrir, onde as cores do xisto mais claro se misturam com o colorido dos telhados, portas e janelas. Encontrámos um pequeno café que infelizmente estava fechado, o que foi uma pena, pois deve saber muito bem uma bebida quente neste ambiente inspirador.
Regresso à Lousã
Com o entardecer, rapidamente a luz do dia começou a desaparecer e foi tempo de regressarmos à Lousã, em busca das tão esperadas bebidas reconfortantes.
Partilhamos um mapa para ajudar a traçar o melhor percurso durante a sua visita. O ponto de partida é o Welcome Center das aldeias de Xisto e o ponto de chegada é o centro da vila da Lousã.
Onde ficar alojado para visitar a Serra da Lousã
Partilhamos algumas boas sugestões de alojamentos na Serra da Lousã ou próximos:
- Talasnal Casa do Cascão – na aldeia do Talasnal
- Cerdeira, Home for Creativity – na aldeia da Cerdeira
- Palácio da Lousã Boutique Hotel – na Lousã
- Casa das Condessinhas – na vila da Lousã
- Mountain Whisper – na aldeia de xisto de Gondramaz
- Hotel Parque Serra da Lousã – em Miranda do Corvo
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Eu fiz esse passeio de carro em um dia com a nossa amiga querida, Dadá, e seu irmão simpático, o Jorge. Mas não cheguei a ir tão longe quanto foram. E também, como estava muito calor, quisemos voltar correndo para o balneário que fica mesmo colado à Lousã, que agora não lembro o nome, mas tem uma piscina natural geladinha e muito agradável. Eu adorei e também recomendo.
Beijos Diana e Rei
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Caro Ricardo,
Gostei da sequência que deu às aldeias a visitar na subida a partir do hotel. Tem mais alguma sugestão para esta subida a partir do hotel?
O mapa que deixou é muito pequeno, tem algum onde possa descrever as etapas principais?
Olá José. Ficamos contentes que tenha gostado e esperamos que possa ir visitar as aldeias que valem bem a pena. Pode também aproveitar para ver as intervenções do “Isto é Lousã” ao longo da Serra, sendo que a mais conhecida é o Baloiço do Trevim. Sugerimos também uma visita ao restaurante O Burgo, junto ao Castelo/ Praia Fluvial. Para poder ver o mapa maior, é uma questão de clicar no canto superior do mesmo no símbolo [ ]. Boas viagens.
Obrigado pelas sugestões.
Quanto ao mapa, já tinha carregado no símbolo referido. Porém, passa para o Google Maps mas perde o vosso intemeratos a azul e é isso que me interessa.
Errata: Itinerário e não “intermeratos”.
José, pode também consultar consultar o mapa através deste link direto: https://www.google.com/maps/d/edit?mid=1OjDC_7N9EepEMdDKyQjxsP33Y-w&usp=sharing. Espero que ajude. Boas viagens
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