Chá de Coca para doença em viagem

Doença em viagem: a nossa experiência e dicas úteis

Viajar é, de uma forma geral, uma experiência fantástica, cheia de novas descobertas e boas memórias para trazer para casa. Mas em viagem também acontecem coisas menos boas, e uma delas é ficar doente. Dores de barriga, náuseas, infeções, etc.. Uma doença em viagem pode estragar tudo.

Para além de espírito positivo, nós vamos sempre prevenidos para o que der e vier – o que inclui levar uma pequena “farmácia portátil” e garantias de que temos acesso a serviços de saúde, se precisarmos.

Neste artigo partilhamos as piores experiências que tivemos de doença em viagem e o que fizemos as ultrapassar.

Na verdade, por mais diferente que seja o clima ou a comida no destino de cada viagem que fazemos, acho sempre que somos um poço de saúde e que nos vamos manter saudáveis. Mas nem sempre é assim.

E, pontaria das pontarias, é nas viagens para mais longe que temos ficado doentes. Nalguns casos poderá ter a ver com alguma coisa que comemos ou bebemos, noutros talvez tenha sido azar. Há que aceitar que ficar doente faz parte – da vida e da aventura de viajar!

Aqui partilhamos as situações mais aborrecidas que tivemos e como as resolvemos. Atenção que não são recomendações médicas, é apenas a nossa experiência. Se ficar doente e tiver alguma dúvida ou os sintomas não desaparecerem, o melhor é consultar um médico.

Intoxicação alimentar no Chile/Peru

Quando estávamos a planear a nossa última viagem à América do Sul – na qual andaríamos pelo Chile, Peru e Bolívia – , já me estava a imaginar a comer Ceviche e outros pratos com frutos do mar.

Logo na nossa primeira paragem, em Santiago do Chile, fomos almoçar a um restaurante no Mercado Central. O Ricardo pediu um peixe que se revelou bem saboroso. Quanto a mim, pedi um prato que tinha marisco. Só quando o pousaram na mesa é que percebi que parecia um caldo com marisco encruado – o que estranhei mas não me incomodou, pensei que poderia estar marinado tipo o Ceviche.

Prato de marisco, no Mercado Central de Santiago do Chile
O meu prato de marisco, no Mercado Central de Santiago do Chile

Mas pelos vistos o meu corpo não gostou.

No dia seguinte, já em Lima, no Peru, estávamos a terminar uma visita guiada pelo centro histórico quando comecei a ter grandes dores de barriga e a sentir-me verde, com suores frios. À hora de almoço, de regresso ao nosso alojamento, no metrobus apinhado de gente, estava a ver que ia haver um desastre, quase que vomitava para cima do motorista. Foi uma viagem interminável!

Quando cheguei ao quarto fui a correr para o WC. E esta foi uma cena que se repetiu durante horas a fio. Entre diarreia e vómitos incontroláveis, fiquei com o sistema digestivo (demasiado) limpo. Desconfiámos logo que tinha apanhado uma intoxicação alimentar com o marisco que comi no Chile.

Tratamento da intoxicação alimentar

Uma das primeiras coisas que decidi é que ia evitar tomar Imodium para a diarreia – na consulta do viajante tinham-nos dito que estes comprimidos funcionam tipo rolha, não deixam passar mais nada. Mas também não tratam o problema. Depois de se tomar Imodium é preciso ir ao médico para resolver o que está a provocar o desarranjo intestinal.

Por isso, decidi que ia fazer os possíveis para ficar bem sem Imodium. Se não resultasse, estava preparada para ativar o seguro de viagem e ir ao médico.

Para além de começar logo a beber muita água para me reidratar, bebi coca-cola e chá de coca – que a dona do nosso alojamento disse que ajudava. Comecei também a tomar probióticos que tínhamos levado e espalhei na barriga óleo essencial ZenGest, que ajuda nestes casos.

Chá de Coca no Peru, para intoxicação alimentar. doença em viagem
Chá de Coca, muito reconfortante

Ainda tentámos ir passear a meio da tarde – era o único dia que tínhamos em Lima -, mas eu não tinha força nas pernas para percorrer sequer um quarteirão.

Ao regressarmos ao quarto, comi um pão sem nada e meti-me na cama, aliviada por pelo menos já não precisar de ir a correr para o WC. Dormi várias horas seguidas.

Já de madrugada, acordei com fome. Levantei-me sem fazer barulho para não acordar o Ricardo, comi umas bolachas de água e sal e empurrei com água. Já sem dores nem náuseas, mas a sentir-me ainda muito fraca, voltei a adormecer.

Só acordei na manhã seguinte, com a luz do sol a entrar por uma janela do quarto. Depois de uma rápida autoavaliação, percebi que me sentia bem. Tão bem, que consegui fazer sem crise uma viagem de autocarro de 3 horas que tínhamos planeado para esse dia, até Paracas.

Apesar de já não ter dores, ainda passei alguns dias com os intestinos meio avariados. Por isso continuei a tomar probióticos, todos os dias, para ajudar o corpo a recuperar a imunidade. Sempre que acabavam, íamos a uma farmácia e comprávamos uma tablete dos probióticos mais completos que tivessem. E funcionou, seguimos o nosso roteiro por mais 21 dias, tal como planeado.

Depois de recuperar da intoxicação alimentar. subimos a Machu Picchu
Depois de ficar boa, fomos a Machu Picchu e a muito mais sítios

Constipação na Bolívia

O Ricardo não costuma ser muito atreito a doenças. Mas de vez em quando lá acontece. E aconteceu na última viagem que fizemos à América do Sul.

Depois de vários dias a visitar o Peru – incluindo Machu Picchu – chegou o nosso último dia neste país. Estávamos na cidade de Puno, onde fomos fazer um passeio pelo lago Titicaca. Durante a viagem, ora ficávamos no interior do barco, ora íamos para o exterior, para ver melhor a vista – mas onde não aguentávamos muito tempo por causa do vento.

Vista a partir do exterior do barco para o lago Titicaca. Constipação, doença em viagem
Vista a partir do exterior do barco sob o imenso lago Titicaca

Olhando para trás, achamos que foi o vento frio da viagem de barco que deixou o Ricardo doente.

Nessa noite fomos jantar a um restaurante onde experimentámos Cuy (porquinho-da-Índia) e depois fomos para o hostel descansar. O Ricardo não se estava a sentir muito bem – foi o início de uma grande constipação que durou três dias.

Tratamento da constipação

Logo na noite em que se começou a sentir mal, o Ricardo começou a tomar probióticos.

Na manhã seguinte, acordámos cedo para apanhar o autocarro que nos levaria até à Bolívia. O Ricardo sentia-se desconfortável e com frio, por isso aconchegou-se no banco ao meu lado.

Já em Copacabana, na Bolívia, apanhámos o barco para a Isla del Sol, onde iríamos passar a noite. Quando chegámos à ilha, ficámos de olhos arregalados perante a “Escalera Inca”, a longa escadaria que teríamos de subir, de mochila às costas, até ao nosso hostel, o Inka Pacha.

"Escalera Inca" na Isla del Sol, na Bolívia
“Escalera Inca” na Isla del Sol, na Bolívia

Exaustos, lá conseguimos chegar. Depois de descansarmos um pouco, o Ricardo continuava a sentir-se cansado, por isso fomos fazer apenas um pequeno passeio até ao templo de Pilkokaima. Quando regressámos, o Ricardo enfiou-se na cama, cheio de frio – o quarto estava gelado e não tinha aquecimento. A única coisa que ajudou foi uma caneca quente de chá de coca.

Na manhã seguinte, ainda se sentia muito mal, por isso ficámos a descansar no quarto até à hora de apanharmos o barco de regresso. Depois ainda tivemos uma grande viagem até à cidade de La Paz. Aqui, já de noite, fomos a uma farmácia reabastecer-nos de probióticos. Voltámos a deitar-nos cedo, para o Ricardo recuperar energias.

Um novo dia nasceu sem sinais grande melhoras, pelo que ficámos a descansar até ao fim da manhã. Eram foram horas decisivas para perceber se o Ricardo teria de ir a um médico, já que nos dias seguintes estaríamos no deserto de Uyuni, longe de tudo – não convinha ir para lá doente.

Durante essa manhã o Ricardo tomou mais probióticos e paracetamol, para além de alguns óleos essenciais que ajudam à imunidade, e tomou um banho morno. Foi então que se começou a sentir um pouco melhor.

Nesse dia acabámos por passear imenso por La Paz, antes de apanharmos o autocarro noturno em direção a Uyuni. Não havia dúvidas, o Ricardo estava a sentir-se muito melhor. Estava pronto para ir para o deserto de sal.

“Virose” em Marrocos

Nós, leigos na matéria, quando não sabemos bem o que apanhamos dizemos que deve ser uma virose, não é verdade? Pois bem, em Marrocos apanhei alguma coisa, não sei bem o quê, talvez uma “virose”.

Deserto do Saara, em Marrocos
Deserto do Saara, em Marrocos

Estávamos a fazer uma viagem em grupo, quase tudo malta jovem. Ao fim de uma semana, ao regressarmos do deserto em Merzouga para Ouarzazate, um dos rapazes do grupo teve de sair do autocarro, várias vezes, para vomitar.

Chegados ao Riad onde iríamos jantar e passar a noite, foi a minha vez. Tive de ir a correr para o WC vomitar. Entretanto fiquei melhor, até fui jantar, mas entre cada prato ficava agoniada e lá ia eu a correr para o WC. E estava a acontecer exatamente o mesmo com outra rapariga do grupo. Estava muito bem disposta, mas de vez em quando lá desaparecia.

Na manhã seguinte soubemos que mais três pessoas tinham passado assim a noite. Algumas já estavam bem, outras estavam mais ou menos. Eu incluía-me no último grupo. Já não vomitava, mas estava com imensas dores de barriga.

Inicialmente pensámos que pudesse ter sido da comida. Mas a verdade é que éramos um grupo de 15 pessoas e só seis ficaram com este tipo de sintomas. Não sabemos o que nos terá deixado naquele estado.

Tratamento da “virose”

Comecei desde o início a tomar probióticos e um remédio homeopático para desintoxicar. Mas as dores de barriga, o cansaço e o mal estar ainda se mantiveram durante um par de dias.

Felizmente isto aconteceu quase no fim da viagem. Já de regresso a Portugal, fiz um tratamento homeopático e, ao fim de alguns dias, recuperei totalmente.

No entanto, embora não tenhamos encontrado uma relação direta com a comida, nunca mais consegui comer cuscuz – só de imaginar este prato, já começo a ficar enjoada.

Infeção urinária em Pequim

Qualquer pessoa pode ter uma infeção urinária, mas é algo que costuma acontecer com mais frequência às mulheres. É algo quase incapacitante, tal é o desconforto, as dores e a necessidade de ir vezes sem conta ao WC.

Quando fomos a Pequim passar duas semanas, eu estava numa fase em que tinha recorrentemente infeções urinárias. Por isso já desconfiava que poderia ter uma durante a viagem. Dito e feito.

A meio de uma noite acordei a sentir um peso na bexiga. Fui à casa de banho e veio uma onda de dor terrível. Sabia que a partir daqui era sempre a piorar. Vontade de ir ao WC de 5 em 5 minutos e um ardor constante na bexiga. Mal conseguia dormir ou concentrar-me nalguma coisa, quanto mais sair para ir ver algum monumento.

Tratamento da infeção urinária

Sabia que se ficasse doente na China, não ia ser fácil comunicar com médicos chineses. Por isso já fui prevenida e levei de Portugal antibiótico para infeções urinárias.

Mal tive a certeza que era mesmo infeção urinária, comecei a tomar o antibiótico para além de paracetamol e antiespasmódico para me ajudar a suportar as dores e o desconforto. E fiquei a descansar.

Passadas algumas horas já estava bem melhor, e em condições de passear.

Durante o resto da viagem passei a beber mais água. À conta disso, experimentei os WC de todos os sítios onde fomos. Normalmente eram buracos no chão! Mas tinha de ser.

Prevenir infeções urinárias

Uma das coisas que mais ajuda a prevenir infeções urinárias é mesmo beber muita água. Em viagem, como por vezes queremos evitar ter de ir a WCs duvidosos ou ao mato, podemos preferir beber menos líquidos. Para as senhoras, isso não é boa ideia. Mais vale fazer sempre que necessário um xixi do que ficar doente e não voltar a sair do WC.

Para além de beber muita água sempre, partilho algumas dicas do que fazer quando se desconfia que se pode estar a ficar com infeção urinária ou quando ela já está “instalada”:

  • Beber chá que inclua elementos naturais como: Barbas de Milho (estigmas), Cereja (pedúnculos), Morangueiro (folhas), Sempre Noiva (planta), Funcho (planta), Cavalinha (partes aéreas), Grama (raiz), Medronheiro (folhas), Uva Ursina (folhas), Erva Prata (partes aéreas);
  • Pôr um saco quente sobre a bexiga, para ajudar a aliviar o desconforto;
  • Evitar comer doces e fritos;
  • Evitar beber café e álcool.

Recomendações gerais para manter a saúde em viagem

Seja qual for a viagem que vamos fazer, é sempre bom levar uma pequena “farmácia portátil” numa mala que esteja sempre connosco, com aquelas coisas que é mais provável precisarmos, tal como:

  • Probióticos – quanto mais completos, melhor
  • Paracetamol / aspirina
  • Imodium
  • Anti-histamínico       
  • Outros medicamentos que já se costume tomar ou que sejam necessários especificamente para aquele destino
  • Antibiótico para infeções urinárias – para mulheres com propensão para as ter
  • Protetor solar
  • Repelente de insetos
  • Pomada para picadas de insetos e queimaduras solares

No caso de destinos mais longínquos ou diferentes convém, depois de marcar a viagem, ir a uma Consulta do Viajante e fazer um Seguro Médico Internacional – por ser nosso leitor tem 5% de desconto nos seguros da IATI, que são os que nós usamos e que incluem cobertura COVID-19.

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Cartão Europeu de Saúde, Doença em viagem
Cartão Europeu de Seguro de Doença

Para terminar, aconselharia a – seja em que destino for – beber água com frequência, se necessário engarrafada ou fervida, e reservar tempo para descansar. Nas nossas viagens mais ambiciosas às vezes falta-nos tempo para parar e deixar o corpo recuperar. Por isso é sempre bom relembrar este conselho, antes de fechar o plano de viagem.

E reforço: se tiver alguma dúvida ou sintomas de doença que não desapareçam, o melhor é consultar um médico, antes, durante ou após a viagem.

Tem outras sugestões que ajudem os viajantes a manterem-se livres de doenças em viagem? Partilhe connosco, deixe um comentário!

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