Neste artigo partilhamos um roteiro por Siem Reap e por Angkor criado pela nossa amiga Isabel Nunes, ávida viajante que aproveita todas as oportunidades para conhecer mais um pouco deste incrível mundo em que vivemos.
O destino principal desta viagem, marcada para Novembro, era na verdade a Tailândia. Mas estando tão pertinho do Camboja, não deu para resistir e reservámos também voos de Bangkok para Siem Reap, para uma escapadela de 2 dias e meio.
Queríamos conhecer o maravilhoso e milenar complexo arqueológico de Angkor, classificado como Património da Humanidade pela UNESCO. E o que encontrámos foi isso mesmo, algo de maravilhoso.
Siem Reap
Para uma viagem ao Camboja, o visto para portugueses é fácil de conseguir: pode ser obtido à chegada ao aeroporto de Siem Reap – um edifício pequenino mas moderno – ou online, com antecedência, para acelerar o processo de chegada. Tudo funciona em dólares americanos (USD).
Siem Reap é a cidade que serve de base para explorar os templos de Angkor. Tem todos os confortos necessários para aclimatizar os viajantes ao país, uma série de lojas e mercados pitorescos, alojamentos para todos os gostos, comida deliciosa e uma população muito simpática.
O que visitar em Siem Reap?
O centro de Siem Reap é muito pequeno – parece uma vila – mas é super charmoso, com um toque colonial francês misturado com sudeste asiático. Durante o dia o centro está muito adormecido porque a maioria dos viajantes está a visitar Angkor ou a chegar à cidade. Portanto, o ideal no primeiro dia é passar a manhã no alojamento a descansar na piscina e à tarde ir explorar o centro.
Aqui, encontram-se lojinhas de produtos locais feitos a mão, como a Graines de Cambodge, com acessórios para a casa e para senhora, e a Senteurs d’Angkors, com sabonetes, velas e perfumes. Também vale a pena espreitar a Garden of Desire, que tem joalharia moderna de inspiração Khmer, para uma lembrança especial desta viagem, comprar produtos frescos no old market para um gostinho do Camboja mais real, e explorar o Angkor night market, ideal para souvenirs.
A não perder é a Gelato Lab, para experimentar um (ou vários!) dos gelados artesanais de sabores únicos, deliciosos e refrescantes, que sabem pela vida no calor e humidade de 80% que se fazem sentir.
Opções para jantar também não faltam. Desde restaurantes charmosos e cosmopolitas, a mercados de rua sem luxo mas com opções muito saborosas, onde se pode comer um banquete de grelhados de peixe e marisco por 5-10 USD para duas pessoas.
Para terminar a noite e evitar acabar na famosa Pub Street, onde grupos de jovens turistas em idade universitária se aglomeram à procura de shots e grandes noitadas, partilho duas ótimas opções. São elas: Miss Wong, um espaço muito giro com um toque de China Imperial, ideal para cocktails, e o Asana Khmer Cocktail Bar, uma cabana de madeira super descontraída escondida no centro da cidade e que nos transporta para outros destinos igualmente paradisíacos.
Angkor
O nosso segundo dia começou bem cedo, com um curta viagem de tuk tuk até à entrada de Angkor. Apesar de serem 4h30 da manhã, havia tantos tuk tuks e táxis na rua a fazerem o mesmo trajeto, que parecia hora de ponta em Siem Reap!
Os bilhetes para Angkor são adquiridos à entrada do complexo, no primeiro dia de visita, a partir das 5h (convém chegar antes, que vai haver fila!), e há 3 tipos: 1 dia (20 USD), 3 dias (40 USD) e 7 dias (60 USD).
O que visitar em Angkor?
Construído no século IX, Angkor foi a capital do Império Khmer, chegando mesmo a ser considerada a maior cidade do mundo. Ainda hoje é considerado o maior templo religioso do mundo – até ao século XII era apenas hindu, altura em que passou a incorporar o budismo.
Quando o Império Khmer entrou em declínio, na sequência da invasão do exército do Sião (hoje Tailândia) no século XIV, a população de Angkor fugiu para o sul do país, onde fundou Phnom Pehn, a atual capital do Camboja. Angkor foi abandonada, tomada pela selva, e ficou esquecida durante séculos. Até que, no século XIX, um botânico francês descobriu as ruínas deste complexo milenar.
Com mais de 1000 templos espalhados por cerca de 400 km2, é fundamental pesquisar com antecedência para escolher o que visitar. Até porque, com tantos templos, pode chegar-se a um ponto em que o passeio parece tornar-se um pouco repetitivo.
Há dois circuitos recomendados: o small circuit e o grand circuit. Ambos passam pelos templos mais famosos e imponentes, mas o grand circuit inclui um maior número de templos secundários.
No nosso caso optámos pelo bilhete de 1 dia e por fazer o small circuit, começando em Angkor Wat com o nascer do sol, mas fazendo o resto do percurso de trás para a frente, para fugir à multidão de turistas.
Nascer do sol em Angkor Wat
Às 5h da manhã estávamos em Angkor Wat. Uma escuridão total, toda a gente com lanternas ligadas para atravessar o passadiço de 12 m sobre o lago artificial que rodeia o templo.
Desengane-se quem pensar que este nascer do sol vai ser uma experiência super espiritual, só com a natureza e o templo… É uma autêntica multidão de fotógrafos profissionais e amadores, aglomerada no lado esquerdo de um pequeno lago, para captar o melhor ângulo deste momento imperdível.
Mas, apesar de tudo, acabou por ser mesmo uma experiência fantástica. Um nascer do sol lindo, que rendeu memórias e tantas fotos, que juntas poderiam parecer um vídeo. É impressionante ver o desvendar da silhueta do templo com formato de flor de lótus, aquele templo que já vimos tantas outras vezes em livros, na televisão, em fotos, mas desta vez nós estamos mesmo lá, a vê-lo com os nossos próprios olhos.
O templo de Angkor Wat em si é muito bonito, com imensos detalhes arquitetónicos e decorativos – como baixos-relevos esculpidos na rocha -, e de uma imponência difícil de descrever.
Small circuit
Depois de Angkor Wat seguimos então contra a maré. Fizemos um pequeno desvio e fomos visitar Ta Prohm ainda de manhã.
Spoiler alert: foi em Ta Prohm que filmaram o Tomb Raider com a Angelina Jolie. Este templo é magnífico. Durante centenas de anos foi sendo invadido pela selva e por raízes de árvores altíssimas que fazem hoje parte integrante das suas paredes, numa simbiose perfeita de natureza com mão humana.
Uma curiosidade engraçada é que num dos baixos-relevos do templo se encontra uma figura muito semelhante a um dinossauro!
Confesso que neste templo me senti um pouco como os historiadores e arqueólogos que terão desbravado estas ruínas pela primeira vez.
Visitámos mais alguns pequenos templos pelo caminho e fizemos uma pausa para o almoço.
Já com as baterias recarregadas, seguimos para o Terraço do Rei Leproso e para o Terraço dos Elefantes, estruturas em pedra onde foram esculpidas milhares de figuras religiosas, mitológicas e, claro, elefantes.
A caminho do pôr-do-sol
Seguimos para Phimeanakas, onde nos deparámos com uma das mais íngremes subidas (e descidas!). Depois rumámos para Baphuon, onde fomos contemplados com um pequeno tesouro nas traseiras do templo: um Buda reclinado ao longo de toda a largura do templo.
Nesta altura, comecei a sentir que a escolha de um dia para visitar Angkor tinha sido perfeita.
A uma pequena viagem de tuk tuk de distância, eis que nos deparámos com o emblemático Bayon, com as suas famosas 216 faces de Buda. Para cada lado que se olhe, temos sempre um Buda sorridente virado para nós.
Por fim, após atravessar cinco imponentes portões, terminámos o dia em Phnom Bakheng – um dos pontos mais altos de Angkor – para ver o pôr-do-sol. Um templo onde só é permitido o acesso até 300 turistas.
A subida, pelo mato, é íngreme e escorregadia. Como já estávamos muito cansados, confesso que nos custou. A descida, por seu lado, tem de ser feita às escuras, por isso é importante ponderar bem antes de decidir embarcar nesta pequena aventura.
Como percorrer Angkor?
Uma boa opção é contratar um motorista de tuk tuk diretamente no hotel, de preferência antes de chegar ao Camboja. Todos os hotéis e villas têm motoristas de confiança e a preços que valem muito a pena (cerca de USD 20-30 pelo dia todo).
Nós marcámos hotel pelo Booking e combinámos tudo com antecedência pelo chat. Ficámos no My Unique Villa Siemreap, um hotel confortável, onde o pessoal era simpático e solícito.
Atenção que o motorista não é um guia turístico. O nosso foi excelente e sabia algumas informações interessantes sobre os templos, mas a função dele era levar-nos para onde quiséssemos e esperar por nós à porta. Se prefere ter alguém para explicar a história dos templos durante a visita, é necessário contratar esse serviço extra.
O que vestir para visitar Angkor?
As temperaturas e o nível de humidade são altíssimos, portanto o melhor é dar preferência a materiais naturais, como algodão e linho.
Não é permitida a entrada nos templos com os ombros ou as pernas descobertas. Para além disso, há templos com muito degraus e é tudo no meio da natureza, por isso caminha-se sobretudo em terra. Mesmo com tuk tuk, acaba por se andar imenso (18 km num só dia, no nosso caso!). Portanto é de evitar saias, vestidos, tops de alcinhas, sandálias e roupas muito justas.
A minha recomendação é a seguinte: sapatilhas, culottes ou calções abaixo do joelho, t-shirt, óculos de sol e carteira/mochila onde caibam protetor solar, snacks e garrafa de 1,5 L de água. Ao visitar os templos há muitas árvores e sombras, pelo que não precisámos de chapéu.
Onde comer e beber numa visita a Angkor?
No caminho entre os templos encontram-se pequenos vendedores e restaurantes de beira de estrada, com preços inflacionados e a maioria com padrão aceitável para turista. Indo de tuk tuk, os motoristas sabem onde nos levar a almoçar de modo a termos algum conforto, segurança alimentar e ar condicionado para recuperar baterias.
Em relação a snacks, nós preferimos ir prevenidos com frutos secos e peças de fruta comprados no dia anterior em Siem Reap. E ainda bem, porque pelo caminho vimos muitos snacks à venda à base de bolachas e chocolates, que debaixo daquele sol e calor não deveriam ser o ideal para o nosso estômago… Os motoristas de tuk tuks normalmente também têm uma geladeira e oferecem-nos garrafas de água para sobreviver àquele longo dia.
Terminada esta viagem, fiquei com a sensação de que Angkor foi sem dúvida um dos lugares mais fantásticos e surpreendentes que já visitei – e aonde adoraria voltar um dia. Explorar os templos, as ruínas, imaginar tudo o que já se passou por ali, é uma experiência indescritível.
E vocês, qual foi o local mais fantástico que já visitaram?
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Muito obrigada pelo convite e por me deixarem partilhar a minha experiência desta viagem tão maravilhosa! ♥️
Nós é que te agradecemos por partilhares connosco de forma tão genuína esta incrível viagem, que também queremos muito fazer!